
Publicado em REVISTA Coletânea: Lendo a Conjuntura
11 DE SETEMBRO: “RELEMBRAR É VIVER” [1] Eliane Gomes [2] Gelfa de Maria Costa Aguiar[3]
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Neste setembro de 2011, o mundo relembrou um dos mais impactantes acontecimentos que mexeu com a aldeia global no início do século XXI. O ataque às torres gêmeas, em Nova York, simbolizou, para muitos, a entrada de uma nova era. A destruição do World Trade Center, até hoje, ganha repercussão na mídia mundial, que aproveita o marco para exibir reportagens especiais, documentários, entrevistas com moradores, bombeiros e familiares das quase 3 mil vítimas do atentado. Aniversários como estes ficarão marcados pela overdose nos noticiários da TV... Sem dúvida esse é um assunto riquíssimo para diferentes tons de reportagens.
A resposta que o EUA deu a estes atentados acabou por desencadear duas outras guerras (Iraque e Afeganistão), e fez com que a morte das 2.900 vítimas do ataque do 11 de setembro , fosse vingada com a morte de mais de 900 mil pessoas até hoje (fonte: https://www.unknownnews.org/casualties.html).
Por mais inacreditável que seja, a reação norte americana aos atentados supera de longe a prática adotada pelo exército nazista nos territórios ocupados durante a Segunda Guerra Mundial; onde executou-se dez civis para cada soldado alemão morto. Estima-se que para cada vítima do 11 de setembro, dezenas ou centenas de pessoas acabaram perdendo suas vidas, na brutal vingança Estadunidense. E mais: Até 1° de setembro deste ano, o número de vítimas fatais entre os militares dos EUA é quase o dobro do das vítimas do 11 de setembro: chega a 4.474 mortos. Somando os soldados mortos no Afeganistão, esse número chega a 6.200.
Mesmo diante do apavorante número de mortos, a quantidade de vítimas torna-se apenas estatísticas, numa matemática trágica que com ajuda da hipocrisia midiática continua fazendo os Estados Unidos seguirem sendo os guardiões da liberdade e da democracia, na busca constante pela proteção de seu povo.
Mas, esses dez anos do fatídico 11 de setembro, não se resume somente a essa matemática macabra de mortos, feridos, dores e muito sofrimento. Existe a história dos gastos também, e dos robustos lucros. Pra se ter uma idéia, ao longo dos dez anos após os ataques ao World Trade Center, mais de 2 trilhões de dólares foram gastos com a operação que objetivou capturar Osama Bin Laden. O Grupo norte-americano Halliburton (que atua no setor petrolífero, mas também em outras áreas com operações militares), ligado ao ex Vice-presidente Dick Cheney, recebeu cerca de US$ 13,6 bilhões para dar apoio às tropas americanas. Só com os gastos do “ex Cônsul” dos Estados Unidos no Iraque foram pagos US$ 21 milhões, a Blackwater (empresa que faz todo trabalho secreto/sigiloso que os militares de carreira não podem fazer). Esses números deixam mais que claro, quais são os reais motivos para que se continue a saciar uma sede que a muito tempo deixou de ser vingança, se é que algum dia o foi de fato!
A mídia, com seu poder alienante, executa bem sua função em camuflar todo e qualquer indício que evidencie as estratégias políticas e econômicas estadunidense, em prol de uma guerra com puro interesse financeiro.
A charlatanice da grande mídia salvaguarda uma ideologia por décadas difundida, e faz com que a grande massa se comova com datas como o 11 de setembro, fazendo-lhes acreditar que nunca antes o EUA fez nada parecido com o que aconteceu em território norte-americano... Seria mesmo isso verdade? Teria a grande mídia esquecido os 40 mil mortos vítimas do Golpe Militar, apoiado por Washington no Chile em 1973? Terá, por acaso, a mídia esquecido as 250 mil pessoas mortas pelas bombas que atingiram Hiroshima e Nagasaki? Resposta: não! Mas, o conveniente é fazer o mundo acreditar que são legítimas todas as reações usadas até hoje pelo governo Americano, e não fazer o mundo recordar que um dia ele já fez, e continua fazendo, o que tanto diz repudiar.
O 11 de setembro norte-americano é tão macabro, quanto o sofrimento de todas as vítimas exiladas, torturadas e mortas no golpe militar que derrubou o presidente do Chile, Salvador Allende. Foram 14 vezes mais o número de vítimas do 11 de setembro norte-americano.
O 11 de setembro norte-americano é tão chocante quanto a bomba atômica de Urânio, enviada pelos EUA, que mandou raios de calor e radiação para todas as direções, soltando uma grande onda de choque, vaporizando em milisegundos milhares de pessoas e animais, fundindo prédios e carros, reduzindo uma cidade de 400 anos à pó, onde adultos e crianças foram incinerados instantaneamente ou paralisados em suas rotinas diárias, os seus organismos internos entraram em ebulição e seus ossos carbonizaram. No centro da explosão, as temperaturas foram tão quentes que derreteram concreto e aço, e dentro de segundos, 75 mil pessoas foram mortas ou fatalmente feridas.
Tragédias como essas foram menos devastadoras que os ataques às torres mais famosas do mundo? Seriam elas não dignas do pesar da população mundial?
Fica mais que provado que o “relembrar é viver”, na nação Estadunidense, só vale quando o objetivo é justificar o injustificável, e tornar legitimo o que o mundo deveria condenar.
[1] Artigo elaborado em setembro de 2011
[2] Autora: elianegoms@gmail.com Discente do curso de Bacharelado em Ciências Econômicas; Integrante do GAACE. Bolsista de Monitoria, da disciplina “Economia Marxista I”.
[3] Revisora: gelfaguiar@gmail.com Docente da UAEcon UFCG; Tutora do PET-Economia e Integrante do GAACE.